quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Debate de Ideias

Considero pertinentes as intervenções do Paulo e da Alexandra.

Mertens (1998) numa adaptação de Lather (1992) descreve os paradigmas de investigação como Positivista/Pós positivista (onde se enquadram os estudos Experimental, Quasi-Experimental, Correlacional, causal e comparativo e qualitativo); Interpretativo-construtivista (estudos naturalista, fenomenológico, hermenêutico, interacção simbólica, etnográfico e qualitativo) e o Emancipatório (teoria crítica, neo-marxista, feminista, específico, frereniano, participativo, transformista e investigação-acção).

O paradigma positivista foi o primeiro paradigma científico e continua a reger algumas ciências. É uma maneira de ver a realidade como objectiva, dissecada dos seus componentes. O interpretativo (construtivista) associa-se mais ao descritivo. Diz-se interpretativo porque o que interessa é a interpretação que a pessoa dá à realidade, de facto. O emancipatório é um paradigma novo que durante muitos anos não foi reconhecido.

Com um abraço, desde o Japão,

João Carrega 26 de Outubro 2009



Paradigma e metodologia

Olá a todos, bom dia aqui, boa noite aí,

considero que este assunto já foi suficientemente abordado pelos colegas e, no geral, concordo com aquilo que até agora foi dito. Considero porém, que é importante precisar algumas ideias pois, têm sido apresentados paradigmas e metodologias de acordo com classificações e designações diferentes mas que, no fundo, se referem a coisas semelhantes.

Numa primeira ideia: é óbvio que um paradigma condiciona a metodologia usada e os resultados da investigação. Basta dar como exemplo a aplicação forçada do paradigma positivista no desenvolvimento de estudos no âmbito da História. Não sendo possível aplicar o método científico (problema, hipótese, experimentação, resultados) nos estudos relacionados com a história, a conclusão dos positivistas foi que a História não poderia ser uma ciência. Isto não quer de forma nenhuma dizer que o paradigma positivista estava errado. Quer sim dizer que há situações em que não se aplica.

Numa segunda ideia: a metodologia é escolhida em função do paradigma, mas essencialmente tendo em conta o problema ou questões de investigação, os dados a recolher e a forma como esses dados vão ser tratados e interpretados, para obtermos conclusões.

Numa terceira ideia: quer os paradigmas, quer as metodologias, têm limitações, mas também têm vantagens. O que o investigador deve ter presente em cada momento são essas limitações e vantagens, bem como a capacidade de as assumir nos relatórios da investigação. A questão não está em saber se veio primeiro o ovo ou a galinha, mas sim se o paradigma e a metodologia escolhidas são as mais indicadas para o estudo de determinado problema.


Com um abraço,

João Carrega 28 de Outubro 2009



Resposta

Olá João

Concordo com a tua tentativa de sintetizar e arrumar esta nossa troca de ideias. Uma questão que colocas e que tento tb abordar no meu post é a da afirmação de que um paradigma de investigação condiciona a metodologia adoptada. Concordo, mas levanto a questão de me parecer que existe alguma artificialidade na concepção que sustenta que existe uma precedência entre uma coisa e outra. Isto é, de que um investigador primeiro opta por um paradigma e depois escolhe uma metodologia que “honre” a sua opção inicial. Será que na investigação real e concreta nas ciências humanas isto acontece sempre assim?
Absolutamente de acordo com a terceira ideia que apresentas

Um abraço de outro João

João Paulo Roubaud 29 de Outubro 2009




Contra-resposta


Caro João e restantes colegas,

em primeiro lugar quero agradecer esta tua colaboração e atenção que dedicaste ao meu post anterior. Talvez eu não me tenha feito entender como eu pretendia. De facto, continuo a considerar que o paradigma condiciona o método, mas tal não significa que o método fique totalmente definido em função do paradigma. A investigação é um processo «working on progress», que vai evoluindo em função da evolução do problema, da recolha de dados e da análise desses dados, bem como dos resultados obtidos.

Continuo ainda a pensar que a questão não está no «ovo ou na galinha», mas sim em desenvolver uma metodologia que esteja permanentemente adaptada ao tipo de investigação que estamos a desenvolver. O processo de investigação não é um processo fechado e definido a priori, mas sim um trabalho reflexivo em permanente evolução.


Com um abraço,

João Carrega 29 de Outubro 2009


Reflexão
O facto de estar no outro lado do mundo (Japão), devidos a compromissos profissionais, não impediu que participasse activamente nesta discussão e que inclusivé conseguisse trocar, em fórum, opiniões com outros colegas. O inicio desta caminhada está a revelar-se muito positiva e motivadora. Metodologias e paradigmas de investigação, aqui está um bom começo para esta disciplina.

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